A estudante Beatriz Kazama ficou uma semana sem entrar no banheiro da Universidade Mackenzie, em São Paulo, onde cursa direito. O motivo? Pichações de ódio no local. "A primeira coisa que eu senti foi medo", diz ela, que participa do Coletivo Negro Afromack. O caso, ocorrido em 2017, não foi isolado. Nos últimos anos, frases como "Gay não é gente", "Lugar de negro é no presídio" e "Feministas imundas" foram escritas nas mesmas paredes. Alunos organizaram debates, conta Beatriz. A instituição, não.
A sensação descrita pela estudante pode ser muito mais forte quando se lida com a escala e a intensidade das redes sociais. A blogueira Jéssica Ipólito, por exemplo, foi alvo em 2016 de ataques gordofóbicos, machistas e racistas por postar uma foto sem roupa. "Meio que não acaba. Eram mais de 4.000 comentários. Fui tirando prints, mas percebi que a maioria vinha de perfis fakes, e senti que ia ter mais dor de cabeça que outra coisa", afirma.